Caso Petrobras: roubos há 1 ano e meio
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Caso Petrobras: roubos há 1 ano e meio
Caso Petrobras: roubos há 1 ano e meio
Engenheiro da Petrobras revela que laptops já tinham sido levados por assaltantes da casa de dois colegas e de um geólogo. Material furtado este ano pode ter sido desviado ainda em Santos
Maria Mazzei e Tiana Ellwanger
Rio - Não foi a primeira vez que dados estratégicos sobre as reservas de gás e petróleo na Bacia de Santos foram roubados da Petrobras. Pelo menos três computadores portáteis foram furtados de dois engenheiros e um geólogo desde meados de 2006. As casas dos funcionários da estatal foram invadidas, mas apenas os laptops roubados.
As informações são do diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) e ex-funcionário da área de Exploração e Produção da estatal, Fernando Siqueira: “Foram assaltos dirigidos”. Para ele, a Halliburton é uma das principais suspeitas e roubos como este podem ter acontecido anteriormente sem que ninguém tivesse percebido: “É uma hipótese, mas, para mim, parece que o cadeado seria destrocado se desse tempo e ninguém perceberia. Pode ter acontecido outras vezes”.
Policiais federais que investigam o caso disseram que há indícios de que o material tenha desaparecido antes de embarcar para o Rio, na Bacia de Santos. Um oficial superior das Forças Armadas explicou que contêiner do tipo usado pela empresa possui um sistema de segurança com GPS e ainda é acompanhado de batedores, quando o transporte é terrestre. Para ele, se o contêiner fosse violado durante o percurso, o sistema de segurança acusaria.
O inquérito corre agora sob sigilo. A delegada de Macaé, Carla Dolinski, recebeu determinação do diretor-geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa, para não comentar o caso. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) colabora na investigação e mobilizou todo o setor de contra-espionagem e parte da superintendência do Rio de Janeiro.
A PF esclareceu, em nota, que foram furtados quatro notebooks e dois pentes de memória RAM. O material estava em um contêiner que saiu de navio de Santos (SP), no dia 18 de janeiro, para o Porto do Rio e seguiu, de caminhão, para a filial da empresa Halliburton, em Macaé, onde chegou dia 30 de fevereiro, segundo informou na quinta-feira a delegada Carla Dolinsky. A troca de cadeados foi detectada pela Halliburton no dia 31, mas a PF só ficou sabendo do furto no dia 5 de fevereiro, terça-feira de Carnaval. A Petrobras só confirmou o roubo há dois dias.
Segundo policiais federais, uma das perguntas que a PF pretende responder é: Por que informações tão sigilosas, de alto valor para a maior empresa do País e que podem ser transportadas numa mochila, por exemplo, estavam em um contêiner?
Para um dos policiais, a troca do cadeado pode ter sido uma estratégia do ladrão. “O objetivo seria induzir os investigadores ao erro, levando-os a acreditar que o furto dos equipamentos tenha ocorrido na viagem, e não em Santos”, especulou.
A delegada já começou a ouvir alguns funcionários das empresas envolvidas. Ela também espera receber até segunda-feira a lista solicitada às empresas com a relação de empregados que tiveram contato com o contêiner. Segundo Fernando Siqueira, a Halliburton fazia o trabalho de perfilagem dos poços para a Petrobras — recolhimento de dados das camadas perfuradas.
Mas os dados recolhidos pela empresa só têm valor depois de serem analisados pelos técnicos da Petrobras. Ele lamentou que o roubo jogue 30 anos de pesquisa feita pela estatal, por valor estimado em US$ 2 bilhões, em mãos desconhecidas. “São informações que permitem saber a composição total do poço, saber qual a melhor localização para furar o novo poço. Dá a quem tiver esses dados informações bastante estratégicas para futura exploração e perfuração da área”, afirmou Siqueira.
Nova licitação ficará parada
O governo federal manterá suspensas as licitações para a exploração das reservas dos campos de Tupi e Júpiter até que o furto seja esclarecido. As concorrências para a exploração das duas regiões foram canceladas quando a Petrobras divulgou que havia um megacampo de petróleo na camada pré-sal na Bacia de Santos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já sabia do furto, não comentou o episódio. Na quinta-feira, o presidente e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, conversaram sobre o caso com o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, que também trocou telefonemas com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Ontem, Dilma disse que há indícios de que o furto de dados da Petrobras pode estar relacionado à espionagem industrial, mas negou que o episódio afetará a licitação. “Não foi por causa do roubo que não licitamos os blocos. Jamais iríamos licitar essas áreas nos padrões anteriores. Temos consciência do tamanho das reservas”.
Grande repercussão
O furto dos equipamentos da Petrobras teve grande repercussão na imprensa internacional. Sites dos Estados Unidos, do Reino Unido e até da China estamparam o assunto em suas páginas.
Todas as matérias destacaram que os dados roubados podem estar relacionados às reservas do campo de Tupi. No entanto, alguns veículos não mencionaram que a empresa Halliburton era responsável pelo transporte dos equipamentos. Os sites da rede de TV americana CNN e o inglês Hemscott, especializado em economia, omitiram essa informação.
A CNN destacou que a Polícia Federal está investigando o crime. Alguns veículos dão informações não confirmadas, como o chinês Xinhua: “Ladrões entraram no contêiner e roubaram o equipamento”.
Engenheiro da Petrobras revela que laptops já tinham sido levados por assaltantes da casa de dois colegas e de um geólogo. Material furtado este ano pode ter sido desviado ainda em Santos
Maria Mazzei e Tiana Ellwanger
Rio - Não foi a primeira vez que dados estratégicos sobre as reservas de gás e petróleo na Bacia de Santos foram roubados da Petrobras. Pelo menos três computadores portáteis foram furtados de dois engenheiros e um geólogo desde meados de 2006. As casas dos funcionários da estatal foram invadidas, mas apenas os laptops roubados.
As informações são do diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) e ex-funcionário da área de Exploração e Produção da estatal, Fernando Siqueira: “Foram assaltos dirigidos”. Para ele, a Halliburton é uma das principais suspeitas e roubos como este podem ter acontecido anteriormente sem que ninguém tivesse percebido: “É uma hipótese, mas, para mim, parece que o cadeado seria destrocado se desse tempo e ninguém perceberia. Pode ter acontecido outras vezes”.
Policiais federais que investigam o caso disseram que há indícios de que o material tenha desaparecido antes de embarcar para o Rio, na Bacia de Santos. Um oficial superior das Forças Armadas explicou que contêiner do tipo usado pela empresa possui um sistema de segurança com GPS e ainda é acompanhado de batedores, quando o transporte é terrestre. Para ele, se o contêiner fosse violado durante o percurso, o sistema de segurança acusaria.
O inquérito corre agora sob sigilo. A delegada de Macaé, Carla Dolinski, recebeu determinação do diretor-geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa, para não comentar o caso. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) colabora na investigação e mobilizou todo o setor de contra-espionagem e parte da superintendência do Rio de Janeiro.
A PF esclareceu, em nota, que foram furtados quatro notebooks e dois pentes de memória RAM. O material estava em um contêiner que saiu de navio de Santos (SP), no dia 18 de janeiro, para o Porto do Rio e seguiu, de caminhão, para a filial da empresa Halliburton, em Macaé, onde chegou dia 30 de fevereiro, segundo informou na quinta-feira a delegada Carla Dolinsky. A troca de cadeados foi detectada pela Halliburton no dia 31, mas a PF só ficou sabendo do furto no dia 5 de fevereiro, terça-feira de Carnaval. A Petrobras só confirmou o roubo há dois dias.
Segundo policiais federais, uma das perguntas que a PF pretende responder é: Por que informações tão sigilosas, de alto valor para a maior empresa do País e que podem ser transportadas numa mochila, por exemplo, estavam em um contêiner?
Para um dos policiais, a troca do cadeado pode ter sido uma estratégia do ladrão. “O objetivo seria induzir os investigadores ao erro, levando-os a acreditar que o furto dos equipamentos tenha ocorrido na viagem, e não em Santos”, especulou.
A delegada já começou a ouvir alguns funcionários das empresas envolvidas. Ela também espera receber até segunda-feira a lista solicitada às empresas com a relação de empregados que tiveram contato com o contêiner. Segundo Fernando Siqueira, a Halliburton fazia o trabalho de perfilagem dos poços para a Petrobras — recolhimento de dados das camadas perfuradas.
Mas os dados recolhidos pela empresa só têm valor depois de serem analisados pelos técnicos da Petrobras. Ele lamentou que o roubo jogue 30 anos de pesquisa feita pela estatal, por valor estimado em US$ 2 bilhões, em mãos desconhecidas. “São informações que permitem saber a composição total do poço, saber qual a melhor localização para furar o novo poço. Dá a quem tiver esses dados informações bastante estratégicas para futura exploração e perfuração da área”, afirmou Siqueira.
Nova licitação ficará parada
O governo federal manterá suspensas as licitações para a exploração das reservas dos campos de Tupi e Júpiter até que o furto seja esclarecido. As concorrências para a exploração das duas regiões foram canceladas quando a Petrobras divulgou que havia um megacampo de petróleo na camada pré-sal na Bacia de Santos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já sabia do furto, não comentou o episódio. Na quinta-feira, o presidente e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, conversaram sobre o caso com o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, que também trocou telefonemas com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Ontem, Dilma disse que há indícios de que o furto de dados da Petrobras pode estar relacionado à espionagem industrial, mas negou que o episódio afetará a licitação. “Não foi por causa do roubo que não licitamos os blocos. Jamais iríamos licitar essas áreas nos padrões anteriores. Temos consciência do tamanho das reservas”.
Grande repercussão
O furto dos equipamentos da Petrobras teve grande repercussão na imprensa internacional. Sites dos Estados Unidos, do Reino Unido e até da China estamparam o assunto em suas páginas.
Todas as matérias destacaram que os dados roubados podem estar relacionados às reservas do campo de Tupi. No entanto, alguns veículos não mencionaram que a empresa Halliburton era responsável pelo transporte dos equipamentos. Os sites da rede de TV americana CNN e o inglês Hemscott, especializado em economia, omitiram essa informação.
A CNN destacou que a Polícia Federal está investigando o crime. Alguns veículos dão informações não confirmadas, como o chinês Xinhua: “Ladrões entraram no contêiner e roubaram o equipamento”.
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